domingo, 7 de junho de 2009

Resenha do livro "Linguagem e escola: uma perspectiva social, de Magda Soares, para obtenção da nota da 1° unidade

SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 17° Ed. São Paulo, Ática, 2001.

LYZANDRA CRISTINA DE ARAÚJO SOUZA.
NATHÁLIA MARIA DE BRITO SOUZA. [1]

Magda Soares é doutora em educação, com licenciatura em Letras, professora da Universidade Federal de Minas Gerais e autora de vários livros didáticos para o ensino da língua portuguesa, tais como: O ensino da Língua Portuguesa e Literatura brasileira 2° grau, 1981; Linguagem e escola: uma perspectiva social, 1986; Um olhar sobre o livro didático, 1996; Letramento: em tema três gêneros, 1998. Esta autora cita Bernstein, Labov e Bourdieu para explicar suas teorias sobre a linguagem e o fracasso escolar Dando ênfase especial a obra resenhada Linguagem e Escola: uma perspectiva social ela introduz a leitura tangendo um objetivo principal que é analisar as relações entre linguagem e escola, tendo com principal foco de interesse a contribuição dessa análise para o problema da educação das camadas populares do Brasil, asseguradas em três teorias que justificam o fracasso escolar no Brasil: a teoria da deficiência lingüística, a teoria das diferenças lingüísticas e a teoria do capital lingüístico escolarmente rentável.
O livro está organizado em seis capítulos e ainda contém um vocabulário crítico e bibliografia comentada.
No capítulo O fracasso da/na escola esta cita que a escola é antes de tudo contra o povo e não para o povo, e continua falando a ideologia do dom o que seria a de adaptar, ajustar os alunos á sociedade, segundo suas aptidões, onde o fracasso dos alunos se explica pela sua incapacidade de se adaptar. Cita ainda a ideologia da deficiência cultural onde as diferenças sociais tinham sua origem nas diferenças de aptidões, e que as diferenças do indivíduo estariam de acordo com sua inteligência. E por último explica a teoria da diferença cultural onde os indivíduos passam a ter uma marginalização da sua cultura, pela escola transformando diferenças em deficiências.
No capítulo três a autora apresentará e discutirá o conceito de “deficiência lingüística”, ligada ao contexto cultural em que as camadas populares estão inseridas, mostrando suas origens e seus efeitos sobre a educação e sobre a escola, bem como a significativa contribuição do sociólogo Basil Bernstein, para esta teoria.
No capítulo seguinte intitulado Diferença não é deficiência, a autora apresenta a decisiva contribuição sociolingüística de Labov, tratando o mesmo assunto que Bernstein trata no capítulo anterior justificando a existência de variáveis lingüísticas, porém negando a deficiência ou inferioridade de uma variável em relação à outra.
Nesta situação, está clara a falta de preparo para que a escola seja direito de todos. Isto realmente aconteceu, porém as mesmas não se encontravam em situação de receber as mais diversas clientelas escolarizáveis, acarretando o desinteresse das classes menos favorecidas e culminantemente o fracasso escolar.
O capítulo com o título Na escola, diferença é deficiência, a autora nos dá um parecer muito realista sobre a diferença das pessoas seja nos aspectos sociolingüísticos, lingüísticos ou sociais, as quais são oprimidas e tidas como discriminadas e marginalizadas, diante da instituição escolar, por esta privilegiar a classe dominante, e desfavorecer a classe dominada, onde deveria ser o contrário. Vindo a dizer que existem os bens simbólicos, o qual serve como uma mercadoria, onde esta mercadoria seria a língua falada e dependendo da pessoa quem fala ou para quem fala é que se atribui valor a este bem. Neste mercado lingüístico a linguagem dos alunos das camadas mais pobres, fica sem reconhecimento, contribuindo assim para o fracasso escolar. Explica ainda que a escola inculca a linguagem “legítima”servindo como dominação do domínio prático, onde está ensinado somente a reconhecê-la, fazendo assim uma distância muito grande entre a linguagem das camadas populares e a linguagem dita certa pela escola.
No capítulo Que pode fazer a escola? Magda dá alguns exemplos de que a escola está parada, amarrada, sem ter o que fazer para mudar essa realidade, passando a ser como uma mera reprodutora da sociedade, privilegiando as camadas mais ricas e desfavorecendo as mais pobres. Contudo a escola é mais importante para as camadas populares do que para as camadas mais ricas, pois é através dela que se têm atributos para reivindicar contra a desigualdade social. E por último fala na escola transformadora a qual pretende usar um bidialetalismo, o qual os alunos aprendam a língua “legítima’ e o seu dialeto, bem como o porquê de estarem aprendendo um dialeto que não é o seu, para que haja transformação de sua condição de marginalidade.
Em suma, após a leitura desta obra é percebível que o fracasso escolar no país gira em torno da falta de informação que a escola tem sobre sua verdadeira função. Para isto, cabe a escola assumir um caráter transformador no processo de mudança social e adicionar à sua função as contribuições dos teóricos relacionados na obra. Assim, a escola estará contribuindo não só para o ensino da língua materna, mais também estará servindo como uma ferramenta principal para uma melhor participação social, longe das discriminações, preconceitos e desigualdades sociais.



[1] Alunas do VII Período do curso de Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN – CERES- Caicó/RN. Trabalho realizado na disciplina Prática de ensino em metodologia da Língua Portuguesa, orientado pela Professora Ms Hercília Fernandes.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Adoramos este poema de Paulo Freire
canção óbvia" de Paulo Freire

Escolhi a sombra desta árvore para
repousar do muito que farei,
enquanto esperarei por ti.

Quem espera na pura espera
vive um tempo de espera vã.

Por isto, enquanto te espero
trabalharei os campos e
conversarei com os homens

Suarei meu corpo, que o sol queimará;
minhas mãos ficarão calejadas;
meu pés aprenderão o mistério dos caminhos;
meus ouvidos ouvirão mais,
meus olhos verão o que antes não viam,
enquanto esperarei por ti.

Não te esperarei na pura espera
porque o meu tempo de espera é um
tempo de que fazer.

Desconfiarei daqueles que virão dizer-me,
em voz baixa e precavidos:
É perigoso agir
É perigoso falar
É perigoso andar

É perigoso, esperar, na forma que esperas,
porque esses recusam a alegria de tua chegada.

Desconfiarei também daqueles que virão dizer-me,
com palavras fáceis, que já chegaste,
porque esses, ao anunciar-te ingenuamente,
antes te denunciam.

Estarei preparando a tua chegada
como o jardineiro prepara o jardim
para a rosa que se abrirá na primavera.